sexta-feira, 28 de junho de 2013

Das Páginas Sociais ao Paraíso Envenenado























Título: Woman Presented as an Apple Tree
Fotógrafo: Emma Innocenti
Colecção: Stone

Sabes meu querido,
não gosto de ser comparada,
escrevo quando me apetece
sem compromisso ou hora marcada.
Mas certo é,
que começo a ficar saturada
de me ver endoidecida pelo vicio da escrita.
Quero sentir-me viva,
com o trivial e banal da vida,
como dar um passeio por aí de mão dada contigo
sem tempo e sem destino.

(Vá lá, não torças o nariz
e dá-me o teu sorriso rasgado de menino)

Quero rir, quero gargalhar,
quero disparatar,
quero até ter ataques de caspa enciumada,
quando te sei olhar para a bainha de outra saia.
Não quero impressionar
tão pouco ser obrigada a agradar,
e vê lá tu, que até quero  vomitar o meu mau feitio
quando o fígado está entupido.

(Sou louca, já sei, já me deste conta disso)

Sabes meu querido eu só quero ser eu.
Ser eu quando estou só,
ser eu quando estou contigo,
ser eu com todas as qualidades e defeitos
a que tenha direito.
Só quero voltar ao ser do meu eu,
ser autêntica e genuína
sem os artifícios que emanam da poesia.

(Já sei, também sou uma menina mimada
de nariz empinado, e?
Tantas há por aí. Mas ao menos eu reconheço
o meu próprio defeito de fabrico.)

Agora meu querido
fica aqui o meu aviso.
Fantasia tece poesia,
e poesia paixão iludida.
E, neste mundo encantado,
o que se tece em privado
é sempre fiado do outro lado.
Tem cuidado meu querido,
olha que este piso
é lodoso e escorregadio.
Um recado mal dado
e outro mal recebido
faz deste espaço
um paraíso envenenado.