sábado, 27 de setembro de 2014

Dietas























Título: Sexy
Fotógrafo: Gremlin
Colecção: Vetta

De que adiante um ego intumescido,
bem anafado e polido,
se o papo do “bicho”
anda vazio, vazio, vazio?!…
Ora vejamos…
Se o dito anda de papo vazio,
desincha, desincha e desincha,
e a pele coitadinha,
de subnutrida, encorrilha…
Estão a imaginar o cenário?
Credo!
Então vá,
toca a fazer uma “dietazinha” saudável,
à base de legumes, cozinhados em cru ou ao natural,
acompanhados de carne ou pescado
cozido ou grelhado.
E não se esqueçam,
é imperativo o bom alimento
para dar sustento à mente e ao corpo,
claro está,
se este último não estiver “morto”.
Se ainda assim o papo não encher,
mude de nutricionista,
ou faça um transplante de ego.
E no meio desta charada, a alma, coitada,
não é tida nem achada.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

(Des)encontro(s)

Título: woman laying on clock hands
Fotógrafo: Stacy Vitallo
Colecção: Moment

Acordou atordoada, sentia a cabeça e o corpo maçado como se tivesse sido abalroada por uma viatura de transporte pesado.
Totalmente desorientada, olhou para o relógio de corda parado. Estava perdida, não sabia a hora nem o dia, e o calendário estava intacto com dois anos e meio de atraso. Levantou-se do banco, foi ao armário, a indumentária já estava fora de moda e traçada pelo desuso dado. Vestiu o balandrau execrável das esperas desertas, e saiu à procura, nas proximidades, de uma loja de conveniência, onde tudo se vende até mesmo “kits” de sobrevivência. Não precisava de muito gasto para mudar o trato e o retrato. Comprou uma peruca loira platinada, um par de lentes de contacto azul-turquesa, um vestido moda ultimo grito, um sapatinho de salto alto, alto brilho, um batom vermelho e um maço de tabaco. E mascarada do corpo à alma partida partiu, deixando atrás de si o cais de embarque do desencontro marcado, em destino ao único caminho que sabe que tem traçado. Consigo, e só consigo!

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Rabiscos a Retalho

Título: My Mind
Fotógrafo: Olena Chernenko
Colecção: Vetta

Se eu fosse uma pintura, seria uma tela de rabiscos a retalho em tons de cinza, com uns reflexos de lua púrpura lá pelo meio à mistura.
Quando estou distraída no mundo da fantasia, dou por mim entretida com uma esferográfica de escrita fina, cor preta, e um pedaço de papel qualquer. Sim, um pedaço de papel qualquer, mesmo que maculado. Um qualquer que esteja mesmo ali ao lado.
E aí a minha linha natura flui descontraída e segura na pauta cromática do rio negro ao sabor das ondas do vento que as tempestades do coração imprimem ao dedo da mão.
Se eu fosse uma pintura, seria assim, que nem a imagem desta figura.