segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Dos Eixos e das Assimetrias

Imagem tirada daqui















Existe uma linha imperceptível que determina o eixo vertical da nossa (as)simetria estrutural, quer física, quer emocional. Essa silhueta ténue de linha fina não deixa de ser uma figura geométrica fictícia que nos divide e que nos define, mas que também nos crucifica do princípio ao fim da vida. Pese embora a robustez do segmento de recta que nos comporta, verifica-se que o fio da respectiva rota vai tropeçando no eixo axial do tempo, levando os pontos de fuga a abrir frestas a novas perspectivas.

sábado, 21 de novembro de 2015

Das Melodias Matemáticas

Brian Cattelle















A melodia da vida
tem como regra de base
a proporção,
o equilíbrio e a harmonia,
medida pela lógica assertiva
da tradução matemática.
1 + 1 = 2

Contudo, 
a melodia do amor
não reconhece
a dedução lógica e racional
daquela equação,
da qual se apura uma
outra conjugação;
1 + 1 = 1

Ainda que me tenha 
como boa gestora da razão,
ainda não consegui aplicar a correcta
dedução lógica matemática,
à melodia do amor.

Obviamente que 1 + 1 = 1, 
não é equivalente a 1 + 1 = 1 + 1!
Essa sim,
seria a melodia do amor
na perfeição
pautada pela lógica 
e pela razão.
Digo eu, e contra mim falo,
que me assumo e me identifico 
como uma 
catástrofe de emoção!


quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Ghost Town

Guankan-jima (Japan): the forbidden Island
Fotografia retirada 
daqui

























O mote para debitar umas linhas de raciocínio escorreito, sequencial e ordenado até mostram vontade de se rebelarem contra o sifão mental entupido, mas o cansaço e a preguiça do corpo, tendem a querer levar-me a melhor.
É fácil de identificar o estado arredio do meu espírito, sem disposição para ocupar o parco tempo e o pensamento com os não assuntos que fazem a ordem do dia da urbe social.
A vida real é, por vezes, ou quase sempre, dura e pesada. Está à vista para quem a quiser ver com olhos de ver, no entanto quando enfrentada, como quem atreve os cornos de um touro bravo ou mete os dedos na ferida, oferece-se perante nós numa caixa de chocolates sortidos agridoces. Nunca se tem presente o resultado a curto prazo, nem a indumentária de gala que a traja, mas a imagem panorâmica que se tem sobre o mapa, captada ao radar de uma ave de rapina, permite-nos a capacidade da antever e desenvolver estratégias de reacção e defesa. Mas será esta uma boa estratégia? Nos dias correntes, já nem sei!
Entretanto, a dureza dos seus componentes físicos e químicos tem dado corpo à minha rotina nos últimos tempos. O tempo contado ao milímetro não permite o correcto desempenho da junta de dilatação, nem a renovação de ar ventilado, e, o desgaste das engrenagens não se compadece com desperdícios de energia que se impõe necessários para dar repouso ao corpo.
É imperativo descobrir a forma de como dar folga às costas em proveito próprio. O estendal afectivo já não comporta o peso de uma alma roubada, calejada e endurecida, que perdeu a motivação para sonhar…
Mas todo este relambório, denso e massudo, que depois de espremido não lhe sai pingo de sumo, foi despoletado por conta de um vídeo de música que despertou a minha atenção num momento de pausa kit-kat na companhia da minha filha caçoula. Deixei-me envolver pelo ritmo e pela beleza dos corpos jovens e enérgicos que acompanham a música em movimentos livres, espontâneos e sensuais. Deu-se em mim um click. Afinal aqui ainda mora vontade. Afinal é possível superar este estado de cegueira catatónica. Basta sacudir as asas, fazer log out, e entrar em modo de navegação automático.

domingo, 1 de novembro de 2015

Portas

Francesca Woodman



















Uma porta ainda que fechada,
tem frinchas,
tem a ranhura da fechadura,
e mais tem as fissuras do tempo.
Mesmo que de chave perdida,
há sempre forma de transpor a ferida.