Existe uma linha imperceptível que determina o eixo
vertical da nossa (as)simetria estrutural, quer física, quer emocional. Essa
silhueta ténue de linha fina não deixa de ser uma figura geométrica fictícia
que nos divide e que nos define, mas que também nos crucifica do princípio ao
fim da vida. Pese embora a robustez do segmento de recta que nos comporta, verifica-se que o
fio da respectiva rota vai tropeçando no eixo axial do tempo, levando os pontos
de fuga a abrir frestas a novas perspectivas.
A melodia da vida tem como regra de base a proporção, o equilíbrio e a harmonia, medida pela lógica assertiva da tradução matemática. 1 + 1 = 2
Contudo, a melodia do amor não reconhece a dedução lógica e racional daquela equação, da qual se apura uma outra conjugação; 1 + 1 = 1
Ainda que me tenha como boa gestora da razão, ainda não consegui aplicar a correcta dedução lógica matemática, à melodia do amor.
Obviamente que 1 + 1 = 1, não é equivalente a 1 + 1 = 1 + 1! Essa sim, seria a melodia do amor na perfeição pautada pela lógica e pela razão. Digo eu, e contra mim falo, que me assumo e me identifico como uma catástrofe de emoção!
Guankan-jima (Japan): the forbidden Island Fotografiaretiradadaqui
O mote para debitar umas linhas de
raciocínio escorreito, sequencial e ordenado até mostram vontade de se rebelarem contra o
sifão mental entupido, mas o cansaço e a preguiça do corpo, tendem a querer levar-me
a melhor.
É fácil de identificar o estado
arredio do meu espírito, sem disposição para ocupar o parco tempo e o
pensamento com os não assuntos que fazem a ordem do dia da urbe social.
A vida real é, por vezes, ou quase
sempre, dura e pesada. Está à vista para quem a quiser ver com olhos de ver, no
entanto quando enfrentada, como quem atreve os cornos de um touro bravo ou mete
os dedos na ferida, oferece-se perante nós numa caixa de chocolates sortidos
agridoces. Nunca se tem presente o resultado a curto prazo, nem a indumentária
de gala que a traja, mas a imagem panorâmica que se tem sobre o mapa, captada
ao radar de uma ave de rapina, permite-nos a capacidade da antever e desenvolver
estratégias de reacção e defesa. Mas será esta uma boa estratégia? Nos dias
correntes, já nem sei!
Entretanto, a dureza dos seus componentes físicos
e químicos tem dado corpo à minha rotina nos últimos tempos. O tempo contado ao
milímetro não permite o correcto desempenho da junta de dilatação, nem a
renovação de ar ventilado, e, o desgaste das engrenagens não se
compadece com desperdícios de energia que se impõe necessários para dar repouso ao corpo.
É imperativo descobrir a forma de como
dar folga às costas em proveito próprio. O estendal afectivo já não comporta o
peso de uma alma roubada, calejada e endurecida, que perdeu a motivação para
sonhar…
Mas todo este relambório, denso e
massudo, que depois de espremido não lhe sai pingo de sumo, foi despoletado por
conta de um vídeo de música que despertou a minha atenção num momento de pausa
kit-kat na companhia da minha filha caçoula. Deixei-me envolver pelo ritmo e
pela beleza dos corpos jovens e enérgicos que acompanham a música em
movimentos livres, espontâneos e sensuais. Deu-se em mim um click. Afinal aqui ainda
mora vontade. Afinal é possível superar este estado de cegueira catatónica.
Basta sacudir as asas, fazer log out, e entrar em modo de navegação automático.