sábado, 28 de março de 2015
terça-feira, 24 de março de 2015
Uns e Outros
Título: Age Challenge
Fotógrafo: *tathei*
Colecção: Flickr
Entre uns e outros, uns com tempo de sobra para nada,
outros com falta de tempo para tudo, uns vestem a camisola por amor à causa,
outros vestem a indumentária de gala só porque está na moda. Uns praticam o culto do corpo, outros o culto da alma, uns levam a mão ao peito em
bom nome do conceito, outros fazem por agir direito. Uns defendem a raça
humana, outros a conta bancária, uns importam-se com os outros e
outros nem com uns nem com outros. Uns cuidam do jardim e arrancam as ervas
daninhas da terra com a mão, outros esventram a mãe e envenenam o chão. Uns tiram, outros dão, uns oferecem liberdade, outros roubam dignidade. Uns promovem a paz, outros instigam a razão em direcção ao conflito, uns carregam às costas o peso da
responsabilidade, outros facilmente viram-lhe as costas. Uns são assim-assim, outros nem sim nem não…
Acontece porém, que entre uns e outros estamos todos a
monte, uns com fé outros sem ela, nesta imensa gamela colectiva e (des)humana.
E no meio desta emancipação anárquica,
maioritariamente servida ao mundo pelo culto do egoísmo e do engrandecimento do
umbigo, questiono-me, mas afinal qual é o verdadeiro sentido da vida?
sábado, 21 de março de 2015
Um sopro de poesia contemporânea
Título: The Poet's Chair
Roger Guetta
"O poema é uma casa
para passar a noite
sem janelas úteis
aqui jazem lado a lado
o corpo e a esperança
ainda quentes,
ainda íntimos
há contudo
quem lhe chame vida
e reclame apenas tempo
para encontrar outra saída
que pena, que pena
sabemos que este amor
é a doença mais escura
e trazemos saudações
para o defunto
nosso igual"
Poema de Rui Pires Cabral extraído da Antologia de Poesia Contemporânea, Voo Rasante, editado pela Mariposa Azual
quarta-feira, 18 de março de 2015
Cegueira III
Título: Girl in front of
window
Fotógrafo: Philippe Brysse
Colecção: Moment
Porque inquietas
o leito do meu
travesseiro
com os perfumes do
teu cheiro,
quando te
esgueiras
sorrateiro
pelos ponteiros do
tempo?
Bem sei que a seda
da noite
é rainha e senhora
tua dona,
mas a cegueira,
essa eterna
menina,
continua a ser
só,
e só minha.
domingo, 8 de março de 2015
Maria Guilhotina
Título: Woman in black and white photo
Fotógtrafo: Carmen Moreno Photography
Colecção: Moment Open
Contemporânea da era das relíquias, a janela maciça da Maria Boneca mantém-se rija apesar das investidas que lhe são acometidas pelos rigores do tempo. Cada elemento compositivo daquela tela vitral é peça de importância vital na sua vida; Cada retalho de vidro simples, enleado pelos dedos estreitos dos caixilhos, conta uma história, guarda uma memória ou oferece um artefacto de pele do seu museu afectivo ao apelo sensitivo. E assim, em tons de cinza negro, abre a Boneca o seu olhar ao mundo num rendilhado caruncho, (des)feito aos quadradinhos, ora cheios, ora vazios, uns inteiros, outros partidos, uns baços e outros cristalinos, ou não fosse ela, a minha Maria alma de Guilhotina.
Contemporânea da era das relíquias, a janela maciça da Maria Boneca mantém-se rija apesar das investidas que lhe são acometidas pelos rigores do tempo. Cada elemento compositivo daquela tela vitral é peça de importância vital na sua vida; Cada retalho de vidro simples, enleado pelos dedos estreitos dos caixilhos, conta uma história, guarda uma memória ou oferece um artefacto de pele do seu museu afectivo ao apelo sensitivo. E assim, em tons de cinza negro, abre a Boneca o seu olhar ao mundo num rendilhado caruncho, (des)feito aos quadradinhos, ora cheios, ora vazios, uns inteiros, outros partidos, uns baços e outros cristalinos, ou não fosse ela, a minha Maria alma de Guilhotina.
domingo, 1 de março de 2015
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