domingo, 24 de setembro de 2017

Striptease


Há muito tempo que a tua alma não se desnudava para mim. Lentamente, em modo de rito de acasalamento, toda a roupagem se espalhou pelo tabuleiro de xadrez.
O cinto, a gravata, sem faltarem os botões de punho, e as demais camadas de papel, caíram estrategicamente dentro do perímetro das quadrículas, para que a peça fundamental não desviasse um milímetro o curso normal do seu destino.
Há muito tempo que a tua alma não me segredava ao ouvido, mas o mistério, o senhor dono do abismo, permanece intacto, deveras tapado e protegido.